Esfuziante e levado, meu cachorro já me trouxe inúmeros aborrecimentos.
As bagunças parecem ficar piores de tempos em tempos, quando não mais, sou
surpreendido por um período de paz que até me faz estranhar se estou
vivendo um sonho ou uma realidade. Diante da insanidade do meu cachorro,
brigo para fazê-lo percebeu o seu erro. Digo um “não” firme, pego ele pela
coleira e o coloco diante de suas “artes”. Seus olhos não escondem quem foi o autor do crime. Faz um
olhar de sonso que o entrega na mesma hora, e se deixar, ainda sai de
“fininho” e se esconde debaixo da cama. Quantas e quantas vezes já
chamei sua atenção e por fim o coloquei de castigo, fazendo cessar suas
bagunças por algumas horas. Por outro lado, todas as vezes que chego ao
apartamento e abro a porta, me deparo com aquela figura canina
expressando uma insofismável felicidade ao me ver, com seus pulos
acrobáticos e o rabo incessante. Também, mesmo diante de todas essas
bagunças antológicas, fiz minha parte. Nunca deixei de fazer carinho
nele ao tirá-lo do castigo, de vez em quando dou até uns beijos e sou
retribuído. Sempre que o vejo dormindo, faço um cafuné e busco brincar
com ele, nem que seja por alguns minutos, independente de quantas outras
coisas tenho que fazer. Não se importando com o quanto me deixou chateado
por ter destruído algo, todas as noites ele dorme perto de mim. Assim
que acordo, levanto e abro a porta, lá está ele. Não importa quantas
vezes eu acorde de madrugada, mesmo que ele esteja dormindo, meu
cachorro aparece para ficar ao meu lado. E quando estou muito gripado e
pareço estar sem muita energia, ele fica me olhando de forma mais calma,
como se entendesse que o dia não está para brincadeira. Diante de tal
lealdade, posso dizer que o meu melhor amigo é um cachorro. Temos muito
que aprender com uma relação entre os cães e os homens. Se as relações
entre as pessoas fossem tão leais quanto a do meu cachorro e eu, poderia
conhecer uma pessoa sem me preocupar se um dia ela irá me decepcionar
desvalorizando minha amizade. Devemos passar a entender que não existe a
perfeição e que por mais atritos que possam surgir ao longo de um dia, o
quão rápido se busca estar bem um com o outro, determina o grau de
lealdade e cumplicidade. No final do dia, tem que existir afeto, não
importa o que tenha acontecido de ruim minutos ou horas atrás. E em cada
amanhecer, não haverá mágoa e nada do que possa corroer o afeto,
permitindo-se que o outro manifeste novos atos de amor. E se um dia as
pessoas aprenderem, nem que seja um pouco disso, talvez possa existir
mais lealdade e afeto do que entre meu cachorro e eu.
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