No dia 15 de
julho a notícia do choque da emblemática barca Boa Viagem e uma mureta da Praça
XV repercutiu nos noticiários levantando, mais uma vez, debates a respeito da
qualidade do serviço prestado pela CCR Barcas. O acidente, supostamente
provocado pela falha do motor responsável pelo retrocesso, provocou 15 vítimas.
Em resposta, o
secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório, afirmou que a
embarcação é da década de 1960, sendo antiga, e que por isso ela nunca mais
voltaria a operar. Fazendo uma pesquisa sobre a barca Boa Viagem – inclusive no
próprio site da CCR Barcas, é possível encontrar os dados de todas as
embarcações, como o ano de fabricação e a capacidade de passageiros. Entre as
tradicionais ainda em operação, que se consagraram como cartões-postais do Rio
de Janeiro, temos: Vital Brazil (1962); Martin Afonso (1962); Itapuca (1962);
Ipanema (1970) e a Boa Viagem (1980).
A afirmação de
Osório a respeito da barca Boa Viagem ser da década de 1960 está errada. Outro
fato que passou despercebido foi que essa mesma embarcação passou por uma
completa reforma e modernização em 2013, onde foi gasto R$ 2,4 milhões. Uma
reportagem do Jornal do Brasil noticiando este fato informa: “A CCR Barcas recoloca, nesta sexta-feira
(13/9), a embarcação Boa Viagem nas águas da Baía de Guanabara. Foram
investidos R$ 2,4 milhões e tudo foi trocado ou reformado: casco, janelas,
assentos, motores, equipamentos de propulsão, hélices, sistemas elétricos e
dispositivos eletrônicos. Cerca de 100 toneladas de chapa de aço foram
utilizadas no serviço, que começou em julho do ano passado.
Com 2.000 lugares e construída em 1981, a Boa Viagem entrará em circulação na
travessia entre a Praça XV e Praça Arariboia - http://www.jb.com.br/rio/noticias/2013/09/12/ccr-barcas-revitaliza-embarcacoes-com-dois-mil-lugares/
Barca Boa Viagem: É a única com abertura em varanda nas laterais do segundo andar, que possibilita apreciar as paisagens da Baía de Guanabara |
Analisando os
fatos é possível constatar a incoerência de retirar uma embarcação que passou
pela expressiva reforma e modernização há apenas dois anos enquanto outras que
não passaram por essa revitalização, e são mais antigas, continuam operando. Levando
em consideração o tempo de serviço e a mecânica, há mais riscos de novos
acidentes acontecerem com as tradicionais em operação do que se repetir com a
Boa Viagem. Como ocorreu falha no motor responsável pelo retrocesso e levando
em consideração a recente reforma, possivelmente o fato foi ocasionado pela
falta de manutenção pela idade da embarcação. Ou seja, supostamente os motores
e demais equipamentos são novos (2013), mas falharam por não serem submetidos à
manutenção.
E as recentes
embarcações chinesas inauguradas no início deste ano, não precisam de
manutenção? O simples fato de serem novas não as livra de sofrerem panes
mecânicas quando se trata de ausência de manutenção.
Quando um secretário
estadual de Transportes não sabe exatamente o ano de fabricação de uma
embarcação responsável pelo transporte de 2.000 passageiros na baía de
Guanabara e ignora o fator manutenção, levando a crer que o acidente foi
provocado pela idade da barca, e que as chinesas vão evitar futuros acidentes,
é preocupante.
Os produtos
chineses são mundialmente famosos pela falta de qualidade e do pouco tempo de
durabilidade. A falta de estratégia entre o Estado do Rio de Janeiro e a CCR
Barcas na compra das novas embarcações pegou todos de surpresa quando a
primeira barca chinesa – Pão de Açúcar – chegou e constataram que é muito
grande para ser acomodada no estaleiro. Também não foi pensado no consumo e
como isso pode acarretar no aumento das tarifas para os passageiros. Em uma
conversa com um chefe de máquinas das Barcas, as chinesas consomem cerca de 800 litros de óleo/hora
enquanto que as antigas consomem cerca 400 litros de óleo/
hora.
No balanço
divulgado em 25 de fevereiro de 2015,
a CCR Barcas informou que havia levado um prejuízo de R$
110 milhões em apenas dois anos de serviço sob a sua administração. Com as
novas embarcações chinesas, o aumento do custo operacional é 50% maior. Para
que não haja mais prejuízos, a tarifa teria que aumentar dos atuais R$ 5,00
para R$ 7,70. E se considerarem os custos com as reformas nas plataformas e a
manutenção das embarcações, a tarifa teria que ter seu valor reajustado para
mais de R$ 10,00. Na ocasião em que este fato foi levado a público, as
manchetes dos jornais consideravam a possibilidade da CCR Barcas estar querendo
devolver a concessão ao Estado, devido aos altos prejuízos.
O acidente da
barca Boa Viagem, a falta de informação do secretário Estadual de Transportes
Carlos Roberto Osório e a sua decisão incoerente de retirar a embarcação de
serviço, bem como a possível falta de manutenção com as embarcações antigas e
as novas, sugerem que o serviço está longe de ser melhorado e ser mais barato
para os usuários.
E você,
continua achando que as novas embarcações chinesas estarão livres de problemas?
Concordo, as barcas antigas são como cartões postais! Outra barca não menos emblemática e que merecia ser reformada e estar navegando é a Santa Rosa. Uma pena!
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