No ano passado (2014), o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) recebeu a mais completa
exposição do ícone surrealista Salvador Dalí. Foram mais de 150 obras, entre
elas pinturas, gravuras, documentos, fotografias e vídeos. O Trabalho de Dalí é
impressionante pela mistura de cores, mesclagem de imagens bizarras em um único
quadro. A sua criatividade, para muitos, é atribuída à capacidade do artista de
pintar os produtos gerados do processo da psicose, sim, Dalí era considerado um
psicótico e sua obra criativa e exótica é fruto desse processo. A psicose está
atribuída à abordagem psicanalítica que a define como uma perda do contato da
realidade e se o nível for acentuado podem ocorrer alucinações e delírios, como
ele mesmo disse certa vez: “Como posso
querer que meus amigos entendam as coisas loucas que passam pela minha cabeça,
se eu mesmo, não entendo?”.
Dentro desse contexto, as obras surrealistas
estão fora do real, o que é pintado impressiona pela falta de realidade
plausível e pelo futurismo, muitas vezes presentes em filmes como O Senhor dos
Anéis e Star Wars. O que é diferente acaba atraindo o público e no caso de
Salvador Dalí, a sua forma excêntrica e impressionista também fazia parte do
seu dia-a-dia, a começar por casar-se com uma mulher dez anos mais velha e que
já havia sido casada anteriormente, o que era praticamente inconcebível aos
tradicionalistas em 1934. Gala tornou-se a musa de Dalí e o próprio atribui a
ela o redirecionando o seu foco artístico, a partir de então as suas pinturas
foram sendo conhecidas mundialmente. Seu bigode impressionava pelo tamanho e pelo
modo como eram enrolados de modo que formassem duas grandes antes psicodélicas,
tornando-se a sua marca registrada. Como se não bastasse, o relacionamento
entre ele e sua esposa, a sua musa inspiradora, também era incomum. Ela tinha
seu próprio castelo e Dalí tinha que pedir permissão para visitá-la, como os
atuais casais modernos que fazem questão de morar em casas separadas. É
plausível supor que o surrealismo e a psicose de Salvador Dalí tivessem sido
motivados por Gala, tanto é que após o falecimento dela, em 1982, a criatividade de
Dalí se encerrou. Cada vez mais deprimido e sentindo-se sozinho, sua saúde se
agravou com o passar dos anos, chegando a declarar: “Sem Gala, eu não sou
Dalí”.
Com o surrealismo de Salvador Dalí, podemos observar que dar asas às
nossas fantasias pode resultar na produção da criatividade, autoestima e
satisfação, sem nos limitarmos aos estereótipos ou regências tradicionalistas
que definam como devemos viver, estar bem consigo mesmo é o que importa, desde
que isso não viole o direito dos outros.
“Surrealismo irá,
pelo menos, ter servido para dar prova de que a experimentação total da
esterilidade e das tentativas de automatizações terem ido longe demais e de
terem conduzido a um sistema totalitário… Hoje, a preguiça e a total falta de
técnica chegaram ao seu paroxismo no significado psicológico da atual
utilização da faculdade.” – Salvador Dalí
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