O ato sexual é o principal método reprodutivo dos seres humanos e também a forma mais plena para obtenção de prazer. Como se não bastasse a sua importância para a sobrevivência de nossa espécie, o sexo integra as necessidades fisiológicas essenciais da pirâmide de Abraham Maslow, ao lado da respiração, comida, água, sono, homeostase e excreção. Um estudo realizado no Reino Unido, com 7.500 participantes com idade entre 25 a 50 anos, revelou que pessoas que fazem sexo pelo menos quatro vezes ao longo da semana, são 5% mais remuneradas profissionalmente do que as que não possuem uma vida sexual ativa. A teoria formulada para explicar esse resultado foi a de que o relacionamento com sexo inibe a solidão e quadros negativos no humor, impactando positivamente no ambiente de trabalho.
A Pirâmide de Maslow |
Entretanto, o índice de pessoas que sofrem de algum transtorno na área sexual é alarmante. Estima-se que o brasileiro apresenta 29,9% de dificuldade para ter uma ereção e 40,1% para conseguir mantê-la. Os diversos transtornos sexuais deixam de ser um forte empecilho na qualidade do sexo quando se busca o tratamento com o Psicólogo e Urologista. Atualmente a Psicologia oferece diversas técnicas para área sexual. Abaixo segue os transtornos sexuais catalogados de acordo com o Código Internacional de Doenças (CID), através de sua décima edição (2006), e as principais intervenções propostas pela Psicologia:
F52.0 - Falta ou Perda de Desejo Sexual
- Desejo sexual hipoativo (Frigidez): É a falta de desejo sexual tanto em homens e mulheres. Frigidez deve ser diferenciada da anorgasmia, onde ocorre a falta do orgasmo, mas na qual há o desejo sexual.
- Ocorre uma diminuição ou ausência de fantasias sexuais que geralmente, leva a pessoa a deixar de desejar ou querer ter relações sexuais; causando acentuado sofrimento, que geralmente a conduz para dificuldades no âmbito do relacionamento afetivo, vida profissional e social. Pode ocorrer em situações generalizadas.
- O baixo desejo sexual conforme descrito no DSM IV (Manual estatístico e diagnóstico de transtornos mentais) pode ocorrer em todas as situações e formas de expressão sexual (generalizada), ou ocorrer apenas na presença de determinadas situações (situacionais), como por exemplo: com um parceiro específico, ou uma atividade sexual específica (ex: pode ocorrer na relação sexual, mas não na prática da masturbação).
F52.3 - Disfunção Orgásmica
Está relacionada com:
- Orgasmo inibido (homens e mulheres): É a dificuldade ou ausência de conseguir orgasmo.
- Anorgasmia Psicogênica: É a inibição recorrente ou persistente do orgasmo, manifestada por sua ausência ou retardo após uma fase de excitação sexual adequada em termos de foco, intensidade e duração. Os fatores psicológicos incluem sentimentos de culpa em relação atividade sexual, deficiência feminina em assumir o papel erótico, medo de engravidar, traumas relacionados ao sexo, como por ter sofrido algum abuso sexual, ter tido relações dolorosas.
- A anorgasmia entre os homens é menos frequente.
F52.2 – Falha de Resposta Genital
- Inclui: transtorno de excitação sexual feminina
transtorno de ereção masculina
impotência sexual
F52.7 -
Impulso Sexual Excessivo
- Na mulher, é denominado como ninfomania.
- Nos homens, a denominação é satiríase.
Assista a entrevista da Maria UPP - mulher que teve relação sexual com mais de mil policiais nas Unidades de Polícia Pacificadora do Rio de Janeiro:
F52.4 - Ejaculação Precoce
- Em 99% tem sua origem em fatores Psicológicos: ansiedade, nervosismo e estresse.
- Problemas no sistema reprodutor como a cirurgia pélvica ou a prostatectomia radical (retirada da próstata).
- Hipertireoidismo
- Problemas neurológicos, por exemplo, esclerose múltipla
- Prostatite – Inflamação da Próstata
- Inexperiência sexual
- Falta de afinidade com o parceiro
As Principais Propostas da Psicologia para o Tratamento
Educação: Conhecer Melhor as Características Sexuais
- Situar o cliente sobre as mudanças normais no funcionamento do corpo devido ao envelhecimento, doenças crônicas ou uso de medicamentos.
- Compartilhar dados importantes sobre preferências, aversões e conflitos.
- Discutir experiências e práticas (isso ajuda o paciente a diminuir preocupações sobre sua normalidade).
Reestruturação Cognitiva: Proposta de Objetivos
- Objetivos que aumentam a ansiedade devem ser evitados como: “aumentar a firmeza da ereção”, pode exacerbar o problema.
- Identificar se a ansiedade inibe satisfação sexual.
- Ajudar a reformular seus objetivos e desenvolver novos conceitos.
Reestruturação Cognitiva: Proposta de Objetivos
- Estimular o paciente a reproduzir ou restabelecer o bem estar e a satisfação sexual mútua.
- Reservar mais tempo para expressão sexual e fazer dela um elemento prioritário.
- Eliminar as pressões da atuação que podem bloquear a resposta sexual.
- Obter primeiramente os objetivos preliminares (melhora da comunicação) para que possam seguir para o próximo nível (aumento do prazer sexual).
Reestruturação Cognitiva: Diminuição de Crenças Mal
Adaptativas
- Pedir ao paciente que identifique os pensamentos que tinha durante a atividade sexual antes do problema se desenvolver.
- O terapeuta ajuda o paciente a identificar os pensamentos intrusos e quando eles ocorrem, e assim reestruturá-los.
- Relembrar atividades sexuais passadas satisfatórias é um dos caminhos para mudança dos pensamentos disfuncionais.
Reestruturação Cognitiva: Diminuição de Crenças Mal
Adaptativas
- Se o paciente voltar aos pensamentos negativos o terapeuta estimulará a concentrar-se em pensamentos e imagens eróticas.
- Ajudar a resolver mal entendidos com o outro membro do casal:
(É comum que a mulher se culpe achando
não ser mais atraente. Tais mitos devem ser desmitificados antes de prosseguir
o tratamento.)
Treinamento em Habilidades
Comportamentais
- Melhora do repertório sexual do paciente.
- Discutir sobre objeções negativas quanto ao uso de materiais audiovisuais eróticos.
- O erotismo pode estimular o casal a por em prática e provocar mudanças comportamentais estimulando o apetite sexual do casal.
Focalização Sensorial
- Diminuição da ansiedade ante a atuação.
- O paciente reforça sua disfunção desviando sua atenção das cognições agradáveis e excitantes para a preocupação e cognições de automenosprezo.
- O casal deve treinar o tato não genital- um exercício realizado com roupas confortáveis que visa focalizar as sensações e não a atuação.
- Cabe ao terapeuta reforçar que o foco não será falar sobre ereção e orgasmo, mas na sua capacidade de concentrar-se, receber e dar prazer, desfrutar do que está fazendo durante a relação sexual.
- É importante desconstruir os pensamentos tudo ou nada – “atividade sexual é sinônimo de coito”.
- Tarefas de casa que estimule a intimidade por meio de exercícios sexuais.
Treinamento em Comunicação
- Falar dos problemas comuns.
- Brigas, falta de consideração um com o outro, preocupação com trabalho, filhos e aspectos econômicos.
- O casal deve aprender a falar nesses momentos diários de desacordo.
- O terapeuta reforça que habilidades de comunicação são importantes e que serão abordadas de modo habitual.
Roteiros Sexuais
- A disfunção pode surgir de uma falta de congruência dos parâmetros dos roteiros entre os membros do casal.
- Refletir sobre as preferências sexuais.
- Encorajar cada membro do casal a gerar uma lista “desejos” sobre atividades íntimas e que as discuta a seguir com seu parceiro.
- Quando existirem pontos em desacordo, estes podem ser negociados em uma discussão franca e aberta.
- É importante que o terapeuta monitore os roteiros sexuais do casal a fim de realizar as alterações necessárias sempre observando a satisfação do casal.
Prevenção de Recaídas
- Estabelecer sessões de seguimento – a cada seis meses durante dois anos.
- Programar a sessão de focalização – uma vez ao mês.
- Comunicar ao casal que a recaída pode acontecer e ensinar técnicas de enfrentamento para as comunicações errôneas inevitáveis ou relações sexuais frustrantes e medíocres.
- Aconselha-se o casal sobre estabelecer formas íntimas e eróticas expressando suas necessidades de intimidade sexual e emocional.
Referências Bibliográficas
Cabalo, Vicente: Tratamento cognitivo
comportamental dos transtornos psicológico.
Barlow David H.: Manual Clínico dos
Transtornos Psicológicos.
http://noticias.r7.com/saude/estudo-comprova-que-fazer-sexo-mais-de-quatro-vezes-por-semana-melhora-vida-profissional-16082013
http://vilamulher.com.br/amor-e-sexo/sexo/sexo-4-vezes-por-semana-pode-aumentar-o-salario-3-1-31-1056.html
http://noticias.r7.com/saude/estudo-comprova-que-fazer-sexo-mais-de-quatro-vezes-por-semana-melhora-vida-profissional-16082013
http://vilamulher.com.br/amor-e-sexo/sexo/sexo-4-vezes-por-semana-pode-aumentar-o-salario-3-1-31-1056.html
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