Autora: Judith Beck
Editora: Artmed (Grupo A)
Páginas: 350
Publicação original: 1997
Gênero: Psicologia
Sinopse: O objetivo deste livro da dra. Judith Beck, psicóloga pertencente a uma nova geração de terapeutas cognitivos (e que, quando adolescente, foi uma das primeiras a me ouvir expor sobre a minha teoria), é prover uma fundamentação básica sólida para a prática da terapia cognitiva. Apesar de formidável escopo de diferentes aplicações da terapia cognitiva, todas são embasadas nos princípios fundamentais delineados neste livro. Outros livros (alguns escritos por mim) orientam o terapeuta cognitivo através do labirinto de cada um dos transtornos específicos. Este livro tomará seu lugar, eu creio, como um texto básico para os terapeutas cognitivos. - Aaron Beck
Avaliação: Ótimo (Ruim, Regular, Bom, Ótimo)
Resenha: Judith Beck - filha do pai e "inventor" da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), Aaron Beck - escreve esse livro com uma escrita fácil e prática para que a TCC seja compreendida e utilizada tanto pelos novos psicólogos quanto pelos experientes, que nunca trabalharam com essa abordagem psicoterapêutica. Judith se embasa através de diversas técnicas que possibilitam a evolução do tratamento a partir de um trabalho conjunto entre o psicólogo e o paciente/cliente. A TCC é muito conhecida por conseguir rápida melhora em diagnósticos como Depressão, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Transtorno do Pânico, Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), entre outros. A autora também coloca à disposição inúmeros exemplos de tarefas de casa, utilizando o caso de uma adolescente de 18 anos (Sally), que apresenta sintomas de depressão e ansiedade após iniciar os estudos na faculdade.
Sally, 18 anos, é uma estudante universitária do primeiro ano que buscou terapia devido à tristeza, ansiedade e solidão persistentes. Seu avaliador de admissão apurou que ela sofria de um episódio depressivo maior de severidade moderada, que começara durante o primeiro mês da faculdade, quatro meses antes de sua entrada em terapia.
A forma de Judith expor as técnicas e identificar os Pensamentos Automáticos, Crenças Intermediárias e as Crenças Centrais em diálogo detalhado com o paciente/cliente é um grande diferencial que torna a aplicação da TCC ainda mais fácil.
Psicóloga: Que tal se nós voltássemos a descobrir o que você já sabe sobre a terapia cognitiva e como você espera que a terapia prossiga?
Sally: Bem, na verdade eu não sei muito sobre isso, apenas o que o conselheiro me disse...
P: O que você aprendeu?
S: Para falar a verdade, não lembro.
P: Isso está ok, nós revisaremos algumas ideias agora. Primeiro, eu gostaria de verificar de que forma o seu pensamento lhe afeta. Você consegue pensar em qualquer momento, nos últimos dias, em que você percebeu que o seu humor mudou? Quando você estava ciente de que havia se tornado particularmente aborrecida?
S: Eu acho que sim.
P: Você pode falar-me um pouquinho sobre isso?
S: Eu estava almoçando com duas colegas e eu comecei a me sentir um pouco nervosa. Elas estavam falando sobre algo que o professor disse na sala de aula que eu não tinha entendido.
P: Quando elas estavam falando sobre o que o professor disse, logo antes de você começar a se sentir nervosa, você lembra o que estava passando pela sua cabeça?
S: Eu estava pensando que não entenderia, mas eu não as deixaria saber disso.
P: (Usando as palavras precisas da paciente/cliente): Então você teve os pensamentos, "Eu não entendo" e "Eu não posso deixá-las saber"?
S: É.
P: E isso a fez se sentir nervosa?
S: Fez.
P: Ok, e se nós fizéssemos um diagrama? Você acaba de dar um bom exemplo de como os seus pensamentos influenciam a sua emoção. (Orienta a paciente/cliente a escrever o diagrama da Figura 3.2 e revisa com ela). Isso está claro para você? A forma como você viu essa situação a levou a um pensamento que influenciou como você se sentiu.
Situação → Pensamento → Emoção
Sentada no almoço Eu não entendo Nervosa
com colegas discutindo Eu não posso deixá-las saber Nervosa
a aula
Diagrama da figura 3.2
S: Eu acho que sim.
P: Vejamos se nós podemos reunir mais uns dois exemplos dos últimos dias. Por exemplo, hoje como você estava enquanto aguardava a sua hora na sala de espera?
S: Um pouco triste.
P: E o que estava passando pela sua cabeça naquele momento?
S: Eu não me lembro exatamente.
P: (Tentando tornar a experiência mais vívida na mente da paciente/cliente). Você consegue imaginar-se de volta na sala de espera neste momento? Você pode imaginar-se sentada lá? Descreva a cena para mim como se ela estivesse acontecendo exatamente agora.
S: Bem, estou sentada na cadeira perto da porta, longe da recepcionista. Uma mulher entra, ela está um pouco sorridente e fala com a recepcionista. Ela está fazendo piadas e parecendo feliz e... normal.
P: E como você está?
S: Triste.
P: O que está passando pela sua mente?
S: Ela está feliz. Ela não está deprimida. Eu jamais serei assim de novo.
P: (Reforçando o modelo cognitivo). Ok. Novamente nós temos um exemplo de como seu pensamento - "Eu jamais serei assim de novo" - influenciou o seu estado de espírito; isso a tornou triste. Isso está claro para você?
S: Está. Eu acho que sim.
P: Você pode contar-me, nas sua próprias palavras, qual é a conexão entre os pensamentos e sentimentos? (Certificando-se de que a paciente/cliente pode verbalizar seu entendimento do modelo cognitivo.)
S: Bem, parece que os meus pensamentos afetam a forma de como eu me sinto.
P: Sim, é isso. O que eu gostaria que você fizesse, se você concordar, é monitorar, esta semana, o que está passando pela sua cabeça quando você percebe o seu humor mudando ou piorando, ok? (Facilitando ao paciente/cliente levar a cabo o trabalho da sessão de terapia ao longo da semana).
S: Certo.
P: De fato, que tal se você escrevesse essa tarefa [sobre papel carbono] para que nós dois pudéssemos ter uma cópia? "Quando eu percebo o meu humor mudando ou piorando, eu pergunto: 'O que está acontecendo pela minha cabeça?' "Agora, você tem ideia de por que eu gostaria que você os anotasse?
S: Eu acho que é devido a você me dizer que os meus pensamentos fazem com que eu me sinta mal.
P: Ou eles pelo menos contribuem para que você se sinta mal, sim. E para dar a você uma antevisão da terapia cognitiva - parte que nós estaremos identificando juntos os pensamentos que parecem estar aborrecendo você. Então, examinaremos esses pensamentos e veremos quão precisos eles são. Muitas vezes eu penso que verificaremos que esses pensamentos não são completamente precisos. Nós deveríamos escrever algo sobre isso também.
S: (Escreve).
P: Então, nós avaliaremos os pensamentos e você aprenderá a mudá-los.
S: Isso parece difícil.
P: Bem, muitas pessoas pensam assim em princípio, mas logo elas descobrem que focam boas nisso. Nós apenas progrediremos passo a passo para ensiná-la a fazer isso. Mas foi bom você ter identificado o seu pensamento. Se você de fato tiver mais pensamentos como "Isso parece difícil", certifique-se de escrevê-los para que possamos examiná-los na próxima sessão. Ok?
S: Ok.
P: Você acha que terá qualquer problema para anotar alguns pensamentos? (Checando para ver se a paciente antecipa dificuldades que eles poderiam resolver).
S: Não. Eu acho que posso fazer isso.
P: Bom. Mas mesmo se você não puder, está ok. Você voltará na próxima semana e nós trabalharemos sobre isso juntos, certo?
S: Certo.
Os capítulos abrangem todas as sessões do tratamento, iniciando como deve ser realizada a estrutura da primeira sessão, os possíveis problemas que podem acontecer na estruturação e suas possíveis soluções, identificação de pensamentos automáticos, identificação e modificações das crenças intermediárias, as crenças centrais, as tarefas de casa, o processo de término do tratamento e a prevenção de recaídas. Por reunir diversas técnicas, ser constituído de linguagem simples e conseguir elaborar todos os passos de um tratamento psicoterapêutico com a Terapia Congnitivo-Comportamental, este livro se estabelece como essencial na leitura de qualquer profissional da Psicologia que pretenda utilizar esta abordagem.
eu li o livro e achei ele regular
ResponderExcluir