Ajude a Salvar o 3º Batalhão de Infataria de São Gonçalo

O 3º Batalhão de Infantaria (Regimento Araribóia) foi construído na década de 1920. Posteriormente foi transformado em 3º Batalhão de Infantaria Motorizada, localizado na Rua Dr. Porciúncula, 395, bairro de Venda da Cruz, no município de São Gonçalo - RJ, numa área de 146.772,00 m² (cento e quarenta e seis mil setecentos e setenta e dois metros quadrados) o que equivale a 17 (dezessete) campos de futebol, com as medidas do Maracanã. Foi em suas instalações que a FEB (Força Expedicionária Brasileira) realizou os treinamentos para a Segunda Guerra Mundial, consagrando-se pela tomada do Monte Castelo, na Itália, após forte ataque dos inimigos alemães. Cerca da metade do contingente era formado por civis e São Gonçalo enviou expressivos soldados selecionados pelo coronel Zenóbio da Costa. Também nas dependências do 3ºBI que, em 1968, o ex-presidente Juscelino Kubitschek foi mantido preso por alguns dias após ser detido na saída do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Coronel Zenóbio de Oliveira e a sociedade gonçalense

Da esquerda para direita: Ernani Amaral Peixoto (3°) e Getúlio Vargas(5°)

Getúlio Vargas, Ernani Amaral Peixoto e Filinto Müller em visita ao 3º Regimento de Infantaria (RI) do Exército (São Gonçalo, RJ, 20 set. 1941) Fonte: CEPDOC/FGV

3° Batalhão de Infantaria (já desativado) 22 abr. de 2013. Foto: Wilson Vasconcelos (Tafulhar)

O 3ºBI em seus tempos áureos

Brasileiros na 2ªGuerra Mundial na batalha de Monte Castelo - Itália (1945)

Os anos se passaram e a atual política do governo em enviar o Exército para as fronteiras do país, desencadeou o processo de desquartalemento urbano. Assim, em 2007, o 3º Batalhão de Infantaria da Venda da Cruz foi desativado e transferido para a cidade de Barcelos, estado do Amazonas, tornando-se o 3º Batalhão de Infantaria de Selva (3ºBIS). Com seu amplo espaço e notórios casarões históricos, muitos acreditavam que viria se tornar um espaço cultural. Porém os planos mudaram em 2010, após o desabamento do morro do Bumba, na cidade de Niterói. Sem abrigos, o desabrigados foram encaminhados até o 3ºBI e nele ficaram até 2013.
 

Em contrapartida, em abril de 2011, a prefeitura de São Gonçalo elabora um parecer técnico favorável, através da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Saneamento Ambiental (EDURSAN), no intuito de destinar o espaço (do 3º BI) na utilização do “Complexo Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer e demais Serviços Municipais” e preservar a estrutura arquitetônica. Em Julho de 2011, a Câmara Municipal sanciona como Patrimônio Público Histórico Cultural, Paisagístico, Artístico e Ecológico a área total (LEI N°.362/2011) – livre e construída do antigo 3º Batalhão de Infantaria Motorizada (3º BI), no bairro de Venda da Cruz, destinada aos usos da cultura, esporte, lazer, turismo e atividades correlatas à preservação da natureza. Porém em julho de 2012, o jornal O Fluminense noticia a aquisição do 3° BI pelo governo do Estado do Rio de Janeiro e a consequente utilização do espaço para construção de um conjunto habitacional, além de uma creche, escola, posto de saúde e delegacia, no intuito de abrigar 1.200 famílias. Enquanto ao 4º GCam, em Niterói, teria a instalação da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil, a construção de uma arena poliesportiva, além da expansão do colégio Pedro II.

Em julho de 2013, o prefeito de São Gonçalo, Neilton Mulim, publica nos Atos Oficiais do Município, um decreto que “tem por objetivo permitir que um ato normativo inconstitucional possa ser descumprido no âmbito do município”, referindo-se à Lei Municipal 362/2011, de iniciativa da Câmara dos Vereadores, que tombou o imóvel do 3º BI. De acordo com a nota da prefeitura, “o decreto municipal não suspendeu a lei e sim autoriza que se pratique atos contrários a ela”. Mulim alegou que o tombamento realizado na gestão anterior não obteve parecer da prefeita (poder executivo), apenas pelos vereadores (poder legislativo). Ele também apresentou representação de inconstitucionalidade da lei perante o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) para que seja declarada a sua inconstitucionalidade. Desde então o 3º Batalhão de Infantaria de São Gonçalo segue destombado. O caso gera grande debate a respeito do melhor uso para o 3º Batalhão de Infantaria, que são realizados constantemente pela sociedade gonçalense, que defendem a preservação do espaço e a sua utilização para fins culturais, enquanto que os políticos insistem em construir moradias populares, alegando que pretendem preservar as construções históricas, porém sem clareza nas finalidades das mesmas.

Mobilização de gonçalenses para preservação do 3ºBI

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Atualmente, o complexo do antigo 3º BI teve seu tombamento extinto pela justiça, não há mais nenhum morador e o local vem sendo protegido por seguranças particulares. Seu destino permanece incerto. É possível perceber que cultura, museus e eventos culturais (exceto o Carnaval), infelizmente, não atraem votos. Talvez por isso o espaço que compõe o 3º Batalhão de Infantaria não receba atenção devida por parte dos governantes. É mais fácil construir um gigantesco condomínio popular e fazer disso uma grande conquista eleitoral.

Foto: Wilson Vasconcelos (Tafulhar)

Infraestrutura abadonada que pode ser utilizada para prática de esporte

Reportagem do amigo Tafulhar publicada no dia 15 de março de 2014 no jornal Extra - RJ

Se você quiser ajudar a pressionar os políticos para que o 3ºBI seja utilizado para fins de cultura, esporte, lazer, turismo e atividades correlatas à preservação da natureza, faça a sua parte assinando este abaixo-assinado: http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=P2013N40788

Você também pode enviar um e-mail, que será de grande ajuda, com assunto 3° Batalhão de Infantaria de São Gonçalo para:  cartas@oglobo.com.br  e pedir sua manutenção. 

Nova Visita

No dia 27/06/2014, ocorreu mais uma visita ao 3° BI localizado no bairro da Venda da Cruz. Acompanhei o historiador Luciano Tardock (Memória de São Gonçalo), o sociólogo Wilson Vasconcelos - autor do blog Tafulhar - o arquiteto decano da Universidade Federal Fluminense e Universidade de Brasília Wagner Morgan, o Vereador Diego São Paio, além de Lafaiete Junior e Evanildo Barreto (Acesg e Rotary Club São Gonçalo).

 

 

Os problemas estruturais estão aumentando nas áreas edificadas do 3º BI, entretanto, por conta da atividade dos Policiais Civis que se encontram localizados na área, a incidência da criminalidade reduziu, ainda que o espaço seja muito grande e ainda permita a atividade de vândalos que depredam o patrimônio.

Aproveito para ressaltar que a intenção é a da proteção do Patrimônio Histórico que o 3°BI representa. Não somos contra a construção das casas populares para os moradores que ficaram desabrigados na ocasião da catástrofe do Morro do Bumba e outras áreas. Somos sim, contra a destruição de um patrimônio histórico. Esperamos que este patrimônio seja utilizado em retorno para a população dos bairros da região, Venda da Cruz, Tenente Jardim, Barreto e também para moradores de todo o município.

Fontes: Blog Tafulhar 
              Blog Pró-Memória SG