Em seus pensamentos vinham belas imagens de seu sorriso, o olhar da garota
que de forma simples havia conquistado o seu coração. Passaram dias e noites, e
ela ainda estava em sua mente. Já havia alguns anos desde a última vez que se
viram e tiveram aquele efêmero, porém intenso, romance colegial. Não tinham mais os antigos números de telefone, e-mails, além de tudo, não gostavam das redes sociais. Será que ela está
com outro rapaz? Estaria morando no mesmo lugar? A garota é alguns anos mais
nova, ele já estava na universidade, enquanto ela estava terminando o ensino
médio, porém haviam estudado no mesmo colégio. Foi lá onde se conheceram,
quando ele tinha ido jogar basquete nas férias com os velhos amigos de
infância.
Impaciente diante daquela incerteza e do coração pesado, entrou em seu Kharmann Ghia
vermelho conversível, 1973. Percorreu longos quilômetros noite adentro e em
vários momentos pensou em desistir, porém a lembrança do sorriso dela era muito
mais forte. Começou a chover, parou em um posto de combustível e rapidamente abaixou a capota
e aproveitou para abastecer. Faltavam apenas 1 hora para chegar à sua cidade.
Era uma sexta-feira, mês de dezembro, as aulas estavam acabando, onde ela
poderia estar? Bater na casa dela era o último recurso, talvez por vergonha e
medo do que podia acontecer. Cidade pequena, véspera de Natal e sexta-feira! Lembrou-se
rapidamente das aulas de música. Parecia ontem o dia em que ela chegou em sua
casa com o clarinete toda feliz para tocar só para ele as músicas natalinas que
acabara de aprender. Aula de música no colégio! O insight foi instantâneo.
Olhou para o relógio, os ponteiros marcavam exatamente 14:37 hs. A aula de
música ia até as 18 horas. Sem perder tempo, voltou para estrada, as placas
indicando a próxima cidade começaram a passar diante de seus olhos e uma
alegria bateu dentro do peito, juntamente com a nostalgia de sua infância,
velhos tempos!
Chegando à cidade, o Kharmann Ghia chamava a atenção, afinal era do seu avô,
que também morava ali, algumas pessoas acenavam para ele dando boas-vindas. Foi
diretamente para o colégio. O porteiro era o mesmo da sua época de infância e
demonstrou felicidades ao ver aquele garotinho, agora um jovem quase homem
diante dos seus olhos. Abriu o grande portão, estacionou no amplo pátio vazio e
perguntou se a Priscila ainda assistia aulas de música, diante da resposta
positiva, a adrenalina subiu. Em outros tempos, ia para a secretaria ver
os seus professores, mas percorreu rapidamente os degraus rumo à sala de música. Em cada
degrau, parecia sair da boca. Chegando diante da grande porta de madeira
repleta de detalhes, já era possível ouvir os instrumentos.
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